A primeira infância é o período compreendido entre o nascimento até os 6 anos de idade. Nesta fase fundamental da vida, ¾ do desenvolvimento do cérebro e das conexões neuronais se constroem e se estabelecem. Por isso, essa é, talvez a fase mais importante e valiosa da vida de uma pessoa, tanto que, mesmo crescidos, continuamos carregando as marcas da infância dentro de nós.
Dada a importância desse período, é fundamental sabermos o que é de fato necessário para as crianças em termos de vínculos e aprendizados. A primeira questão a ser considerada é a qualidade das relações que a criança estabelece com os adultos de referência: essas precisam ser de qualidade e é preciso que as pessoas que as atendam sejam plenamente qualificadas.
Outro ponto fundamental diz respeito ao movimento livre e à construção da autonomia. O movimento livre é um princípio da escola desde o berçário até o final da educação infantil. Valorizamos a capacidade da criança de fazer escolhas e fortalecemos a autonomia na construção de suas infinitas aprendizagens, por meio de diversas linguagens. Entendemos como indispensável a integração entre o corpo e a mente infantil. O movimento do corpo é fundamental para a saúde física e mental e para o desenvolvimento da criança na primeira infância. O movimento não é apenas a base da inteligência, na primeira infância, é a própria inteligência se construindo.
A escola de educação infantil pode ser definida como um conjunto de contextos de vida coletiva. Na nossa abordagem, é compreendida como um lugar de vida, formado por uma trama de ações e relações em um contínuo exercício de construção de aprendizagens e descobertas sobre si, os outros e o mundo.
Baseamos nossas propostas em uma pedagogia que se propõe a ouvir atentamente as crianças, entender seus conceitos e teorias sobre o mundo e revelá-los. Temos como base para nossa atuação as abordagens Pikler e Reggio Emilia que nos falam sobre a delicadeza e a potência dos primeiros anos de vida, construindo aproximações com as descobertas neurocientíficas mais recentes. Isso nos distancia de modos prefixados e de metodologias que supõem que os adultos são detentores exclusivos de saberes e que as crianças nada sabem. Ao contrário, como protagonistas, nossas crianças têm uma posição autoral no processo de construção de suas aprendizagens, o que significa que elas têm voz, desejos e possibilidades de criação. Aos adultos, cabe a escuta, a reflexão em conjunto com os pequenos e os contornos (os limites que construímos na relação com eles). A ação educativa, na Materna, não é a de transmitir conhecimentos, mas de escutar as crianças, comunicar as descobertas que fazem e co-construir, com elas, saberes, reflexões e conhecimentos, em um processo que é relacional, afetivo e reflexivo.
“A criança que consegue algo por sua iniciativa própria e por seus próprios meios adquire uma classe de conhecimentos superior àquela que recebe uma solução pronta.” (FALK, 2011)