Vou colocar meu bebê no berçário, e agora?

O seu bebê nasceu e o momento mais esperado é tê-lo por perto para tocá-lo, abraçá-lo e sentir que tudo está bem. Os primeiros 120 dias passaram voando! Acabou a licença maternidade, tem o retorno ao trabalho, a mãe de repente se vê forçada a sair do universo em que estava imersa. E agora? Quem irá zelar pelo meu filho? Avós? Babá? É chegada a hora de um momento importante da vida de seu bebê e a transição não acontece somente para ele, mas para as mães e pais também!

Por isso não deixe para a última hora, ou melhor, não deixe para a última semana para se programar em relação à volta ao trabalho e a decisão de onde deixar seu filho ou filha. Não escolha um berçário somente por ser perto de sua casa ou por que alguém te indicou. Conheça o lugar, converse com os profissionais, fique atenta: ao número de professores que estarão disponíveis para este momento, se os profissionais que atendem e cuidam das crianças são qualificados, se há refeitório exclusivo, playground, espaço e estrutura adequada para crianças no primeiro ano de vida.

O período de adaptação da criança à escola se caracteriza como o tempo inicial de aproximação entre escola e família. Nesta ocasião, a criança deve ficar por um intervalo menor de horas na escola, a fim de que se aproxime da rotina desta última gradativamente. A adaptação requer que a mãe ou o pai fique à disposição do bebê no período em que estará na escola para que ele possa se aproximar, aos poucos, do ambiente e das pessoas que cuidarão dele e, assim, desenvolver confiança e se sentir seguro. Os bebês são imprevisíveis, podem chorar logo no início, ou não chorar nada por tempo algum. Deste modo, o período de permanência do bebê no berçário vai aumentando aos poucos, com o passar dos dias, à medida que ele vai mantendo-se confortável.

A seguir algumas informações sobre o processo de escolha de um berçário e adaptação na Educação Infantil:

1 – A decisão de colocar a criança na escola deve resultar de atitude pensada, consciente e segura;

2 – Escolha um local adequado onde as crianças tenham segurança, relações afetivas de qualidade, ambiente acolhedor e com possibilidade de exploração, pessoas preparadas para lidar com essa faixa etária e preocupação com a higiene dos pequenos.

3 - Deve haver uma equipe graduada e capacitada de profissionais para cuidar das crianças. Os professores devem ter formação mínima em Pedagogia e, para os bebês, é bom que se observe se há enfermeira e uma equipe de auxiliares técnicos para atender aos cuidados que essa faixa etária demanda.

4 - Outro aspecto a ser verificado é o que se oferece às crianças: os bebês devem alternar momentos de brincadeira, livre exploração, massagem, atividades de musicalização e histórias, sono e alimentação. A alimentação oferecida deve ser fresca e bem-feita, com frutas, papinhas com carne ou frango, legumes, verduras, caldo de feijão.

5 – Ao decidir pelo berçário, seja confiante. A escolha vai dar segurança para o seu filho. A adaptação à escola acontece de forma diferente para cada criança, afinal cada uma tem seu tempo.

6 - A ida da criança para a escola deve ser preparada: é importante conversar sobre a nova rotina, as pessoas que cuidarão e as atividades que acontecerão (mesmo quando se trata de bebês muito pequenos), sem entusiasmo excessivo que possa gerar ansiedade;

7 - O choro na hora da separação é frequente e nem sempre significa que a criança não queira ficar na escola. Geralmente, é o único meio de expressão da criança e ela está comunicando que percebe a mudança;

8 - A ausência do choro não significa que a criança não esteja sentindo a separação, cada um tem um jeito de reagir às situações diferentes;

9 - Cabe aos pais entregar a criança ao educador, colocando-a no seu colo ou no chão (quando possível) e incentivando-a a ficar na escola. Não é recomendável deixar o educador com o encargo de retirar a criança do colo dos pais;

10 - Nunca saia escondido de seu filho. Despeça-se naturalmente (mesmo que haja choro);

11 - A sala de atividades é um espaço que deve ser respeitado e sua presença nela, além de dificultar a compreensão da separação, fará as outras crianças cobrarem a presença de seus pais ou as deixarão inseguras com a presença de adultos desconhecidos;

12 - Se os pais confiam na escola, sentirão segurança na separação e esse sentimento será transmitido à criança, que suportará melhor a nova situação;

13 - Poderão ocorrer algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos (febre, vômitos etc.). Crianças pequenas reagem de forma global aos acontecimentos. Não é incomum crianças terem febre durante a ausência do pai por uma viagem, por exemplo.

14 - É comum verificar-se nessa fase uma ambivalência de sentimentos. O desejo de autonomia da criança e a necessidade de proteção ocorrem simultaneamente;

15 - Cuidado com a aparente adaptação, pois algumas crianças ficam tranquilas nos primeiros dias, mas depois começam a se sentir incomodadas com a mudança. Os pais devem respeitar o período estabelecido pela escola.

O momento de voltar ao trabalho é quando se começar a viver uma separação mãe-bebê e, para que isso aconteça de uma maneira segura e tranquila para ambos, é fundamental um espaço preparado para acolher pais e filhos e a certeza na decisão tomada.

 

Autoras:

Paula Serafin – Doutora em Enfermagem, Especialista em amamentação e desmame e Consultora da Materna Berçário

 

Tatiane Bombassaro – Psicóloga da Materna Berçário, Especialista em Psicoterapia da infância e adolescência e Neuropsicologia

 

Ana Luisa Bittencourt Castro – Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre em Educação, diretora da Materna Berçário

Voltar