Quem te materna?

Quem te materna?

Isso, quem cuida de você?

Outro dia ouvi essa pergunta e foi como tirar casquinha de machucado.

Quem chega em silêncio, sem avisar, e coloca o seu cabelo atrás da orelha enquanto você amamenta o caçula e entretém o mais velho?

Quem te olha nos olhos e pergunta como você está? Te empurra para dentro do chuveiro exigindo que você tome um banho, que lave o cabelo, que saia de casa?

Quem te faz uma canja, brigadeiro de colher, ou até uma salada porque sabe que você tá precisando mesmo é de maneirar um pouquinho?

Quem te dá um chega pra lá, um chacoalhão, te informa que é tempestade em copo d’água, te diz boas verdades mas depois te consola?

Quem pergunta como foi a noite passada, quem chega trazendo uma sacolinha de mercado, quem toma o bebê do seu colo e exige que você sente para almoçar?

Aquela que te materna pode ser sua mãe de sangue, de coração, uma tia, vizinha, sogra, amiga, colega de trabalho.

É a tal rede de apoio, tribo, vila. Chame como quiser, mas tenha um colo ao vivo pra correr.

Grite, chore, peça ajuda, sem medo.

 

 

 

Seja ombro, receba o ombro.

Escute, seja ouvida.

Escape periodicamente da rotina de doar, doar, doar, e nem sempre estar disponível para receber.

Até o mais fundo dos poços consegue secar. Porque não há rede social, curtida, Netflix, anti-depressivo, terapia, que substitua aquilo que é da nossa natureza, aquilo que mais temos sede: Carinho, contato, olho no olho, atenção.

Por isso eu te pergunto, pare, pense, se for preciso procure, quem te materna?

 

Texto:  @a.maternidade

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