O desenvolvimento de crianças pequenas
Cada um de nós tem seu ritmo próprio, seu tempo para chegar e passar por estágios de desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida.
O desenvolvimento neuro-psico-motor da criança tem um sentido céfalo-caudal e próximo-distal, ou seja, vai da cabeça para os pés e do tronco para os membros. Assim, primeiro ela sustenta o olhar, depois a cabeça e o pescoço, posteriormente sustenta o tronco, movimenta-o para os lados, colocando-se de barriga para baixo e para cima, engatinha, para depois ficar em pé e finalmente andar.
Os indicadores de idade são limites dentro dos quais se pode afirmar que o desenvolvimento de uma criança se encontra dentro de um padrão de normalidade. Entretanto, esse indicador para aquisição da marcha, por exemplo, vai de 9 meses a 1 ano e 6 meses, ou seja, um período de 8 meses dentro do qual diferentes crianças vão adquirir esta habilidade, cada uma dentro de seu tempo, todas dentro de um padrão de desenvolvimento normal.
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Somos muito ansiosos. Queremos propiciar todas as condições a nossos filhos, os estimulando, muitas vezes, antes do tempo para que eles cresçam, adquiram autonomia e independência o quanto antes (para retirar as fraldas, andar, falar) e não paramos para pensar se eles estão preparados para isso.
Muitas vezes nos preocupamos com performances, competitividade, como se falar mais cedo, por exemplo, fosse sinal de mais inteligência e garantisse um futuro melhor para a criança.
Na verdade, sentar, andar ou falar antes de outras crianças indica apenas que a criança conquistou aquela habilidade cedo. Apenas isso. Falsos estímulos prometem crianças mais espertas, deturpando conceitos importantíssimos do desenvolvimento. Sentar, engatinhar, andar são conquistas que dependem de uma maturação neurológica. Ao propiciar estímulos exagerados para que a criança conquiste essas habilidades antes de estarem maduras para tal gerarão posturas inadequadas, tensão motora, andares robotizados.
Devemos estimular, acompanhar, amparar, oferecer apoio e suporte para que nossos filhos possam andar, mas apenas quando estiverem preparados física, neurológica e emocionalmente para isso. Cada uma dessas fases representa uma conquista da criança em direção à autonomia que, muitas vezes, pode representar, para pais e filhos, uma “fase de separação" a ser superada, e assim como em todas as outras crises da vida, vai passar de forma suave quanto mais apoiada e amparada a criança se sentir.
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Se quisermos que nossos filhos estejam preparados para voos altos e seguros, precisamos oferecer condições físicas e emocionais para que eles se sintam independentes, sabendo que estaremos por perto quando for necessário, para orientar, amparar e curar as feridas que podem ocorrer até que eles estejam preparados para fazer o mesmo pelos seus filhos.
Cada fase deve ser curtida a seu momento. Antecipá-las pode trazer ansiedade e angústia. Carregar essas fases adiante pode tanto nos cansar como embaçar nossos sentidos na percepção da beleza do momento que vivemos.
“Correndo e se apressando, mais e mais definimos o ritmo de nossa vida. Ao contrário de nós, crianças e bebês vivem em um ritmo, um fuso horário diferente. Eles não se apressam. Não conseguem se apressar quando se ocupam brincando ou quando estão em contato direto com o adulto. Um adulto correndo e apressando-os é algo muito desconfortável para os muito pequenos. Em nome do estar junto, da reciprocidade, somos nós adultos que devemos mudar nosso ritmo. Há condições internas para isso e somos capazes de prestar atenção a elas com uma verdadeira e genuína tranquilidade interior para estar junto com os pequenos sem pressa” (Anna Tardos)
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